O jardim completa a casa ou a casa completa o jardim?
O projeto propõe conformar casa e quintal de maneira contínua e indissociável, duas metades. O quintal abriga um jardim, não como área residual nos fundos ou na frente do lote, mas um jardim que acompanha e envolve a construção mesmo em um lote comumente estreito.
O projeto propõe conformar casa e quintal de maneira contínua e indissociável, duas metades. O quintal abriga um jardim, não como área residual nos fundos ou na frente do lote, mas um jardim que acompanha e envolve a construção mesmo em um lote comumente estreito.
Os espaços internos se alinham em um bloco único e linear, abrindo caminho para que a natureza se expanda. Garagem, suíte/consultório, sala, cozinha e a suíte master são organizadas de forma contínua, como um fluxo natural. A sala é projetada para o exterior, transformando-se em uma caixa de vidro mergulhada no verde, permitindo que a paisagem invada e ocupe o
interior.
interior.
Associada à alvenaria, a estrutura modular em madeira (determinada pela medida do comprimento médio do dormente, 2,80m), foi montada com peças desdobradas de dormente ferroviário: pilares, vigas e caibros apoiam o teto de tábuas cobertas por telhas metálicas. Cada pilar é um tutor para as trepadeiras que sobem e se entrelaçam, transformando-se em um teto verde que cresce e avança. As plantas se espalham pelas paredes e cobrem o telhado, criando um refúgio onde a casa, aos poucos, desaparece, sendo engolida pela vida que floresce.
A arquitetura pode ser uma ferramenta poderosa para mudar nossa relação com o clima. O modelo atual de construção é extrativista, marcado por uma lógica de destruir para construir. O projeto propõe um equilíbrio: metade madeira, metade sistemas convencionais. Utilizar dormentes ferroviários e a madeira de jequitibá reutilizada no forró é uma maneira de dar nova vida a um carbono já fixado e impedir mais destruição.
Construir assim é criar um ciclo positivo, onde a arquitetura não serve apenas ao homem, mas também à terra que a sustenta, integrando a vida e a natureza em uma mesma estrutura.
Local: Juiz de Fora - MG
Área Construída: 200m²
Ano do projeto: 2013
Ano de construção: 2014
Arquitetura: Márcio Flávio Motta
Fotografia: André Miguel Coronha
Produção: José Leonardo Afonso
Assistente de produção: Bernardo Barcellos